CAPÍTULO 02

DESCONTROLE

 

A manhã chegou a Vila Serena trazendo bons presságios para a colheita do trigo, que depois de tanto trabalho dos agricultores e Bulbassaurs finalmente surtiu efeito. Anos foram necessários para o correto semeio do solo e ainda mais necessário foi à ajuda de Squirtles e Vaporeons, que com seus jatos d’água conseguiram suprir exatamente o necessário que essas plantas tão complicadas de serem plantadas, neste solo, necessitavam.

Geodudes e Machops estavam trabalhando essa manhã nos campos, auxiliando os agricultores com a colheita, retirando o trigo fresco do solo e colocando em carroças para o transporte. A felicidade estava estampada, tanto no semblante dos Pokémons como nos humanos. Esse prometia ser um ótimo dia, com fartura na mesa durante as refeições e um bom estoque de grãos para a vila, com o pôr-do-sol.

Durante boa parte da manhã os habitantes da Vila Serena realizam os preparativos para a chegada da colheita e de seus esforçados trabalhadores, mas um zunido agudo e estridente mostrava que algo estranho estaria para acontecer. Por toda a vila e nos campos, um zunido quase ensurdecedor ecoou nos ouvidos dos habitantes. Os habitantes da vila observavam o céu incansavelmente, uma vez que este mostrava ondulações coloridas, disformes e estranhas nessa região, sendo um momento único e muito bonito. Um evento de aurora boreal pode ser encontrado nos locais onde o gelo é mais abundante, mas numa região ensolarada e quente como aquela, era algo "impossível".

Não demorou muito para serem identificados à fonte de toda a algazarra sonora. Uma nuvem de Zubats e Golbats se encaminhava em direção aos campos. Todos que trabalhavam na colheita pararam suas atividades e ficaram alertas, os Pokémons preparados para se defender e os humanos com suas enxadas, picaretas e pás, prontos para responder a qualquer investida. Um comportamento muito estranho para esses morcegos, saírem no horário matinal/vespertino era algo impensável para todos os habitantes, uma vez que esses Pokémons jamais faziam uma visita à vila nesse horário, já que comumente, eles ficavam reservados nas grandes copas das árvores e as úmidas cavernas próximo ao Rio da Vida para se proteger dos raios do sol ao qual pouco desejavam ser irradiados.

A nuvem vinha se deslocando desde a Montanha Uivante não parecia querer atacar ninguém especificamente, mas esse pequeno alívio foi quebrando quando alguns trabalhadores baixaram a enxada e o sol refletiu no metal atingindo os Pokémons, que se transformaram em famigerados algozes de todos que se encontravam no campo, realizando voos rasantes ameaçadores e ferozes sob todos. Rochas foram lançadas, ondas sonoras causavam estragos por toda a terra, antes cultivada, agora destruída. Algumas carroças foram lançadas no ar e espatifavam-se no chão, ora sobre suas próprias cargas, ora sobre alguns Zubats e Golbats, e uma ou outra vez, quase que sobre os homens que tentavam atacar esses pedantes morcegos.

Durante quase uma hora, a batalha foi intensa e feroz. Muitos Pokémons, selvagens e que trabalhavam com os humanos foram feridos, e também alguns humanos mostravam escoriações, com três mostrando ferimentos mais graves. Alguns Zubats estavam abatidos sob o solo, mas aqueles que se encontravam atacando, sem qualquer tipo de aviso prévio, simplesmente pararam a investida, fizeram um quê de desentendidos, e reagruparam, retornando para seus covis, deixando para trás toda a destruição "inexplicável" e se dirigindo ao seu habitat na Montanha Uivante.

Com a retirada dos Pokémons selvagens, foi-se então hora de calcular os danos, os feridos e as despesas que foram perdidas. Cinco carroças foram destruídas totalmente durante a batalha, com três tendo sua carga inutilizável. Os primeiros socorros necessários foram aplicados, e Pokémons e humanos se apertaram nas carroças para retornarem à vila ao final do dia e início da noite, levando suas histórias grandiosas e os ganhos, que já não seriam tão grandes como se havia pensado no começo do dia. O Pastor foi o primeiro a ser avisado, com os feridos sendo encaminhado para a cuidadora da cidade, que há muito tempo não tinha tanto trabalho a fazer.